sexta-feira, 24 de julho de 2020

Peço licença para fazer um breve relato. Por Paulo Vitor

Peço licença para fazer um breve relato.
Sobre o poder e a transformação da educação.
Ontem aconteceu uma live no perfil da Professora Vilma
Encontro: Mulheres Negras Vivências e Resistências.
E nela estava presente uma aluna Lourdes Silva (Lurdinha) na qual compartilhou de forma emocionada e sensível suas vivências e histórias de luta e resistência enquanto mulher negra. E durante este relato, Lurdinha narra o seu encontro com um professor.
Professor este que através de suas aulas pôde tensionar com ela as questões raciais, sobretudo, em relação ao tornar-se negro. De modo resumido, Lurdinha aponta sobre a importância do ensinar a transgredir, e sobretudo, da importância de entendermos a educação como prática da liberdade.
Lurdinha estava falando de mim, ou seja, do nosso encontro - docente e discente.
Um recém professor (afinal estou como docente apenas há 4 anos)... que um pouco perdido a cada dia aprende o que é ser professor numa realidade tão diversa e complexa. O relato de Lurdinha me emocionou...chorei, chorei e chorei, mas, o choro era de alegria, afinal, sabemos como é árduo e difícil crescer em espaços no qual não nos sentimos pertencentes, reconhecidos e amados.
Mas, mais do que isso, a fala de Lurdinha me fez acreditar ainda mais no poder da Educação. Acreditar que a educação e o processo dos ensinos e aprendizados podem ser libertadores. E libertar aqui implica poder nomear um fenômeno que até então não tinha nome, ou como diz bell hooks no momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover contra a dominação, contra a opressão. No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover em direção à liberdade, a agir de formas que libertam a nós e aos outros.
Obrigado Lurdinha, por me ensinar todos os dias que entrei na sala de aula para ministrar os conteúdos, por me fazer acreditar em um ensino e numa educação que seja transgressora.
Eu sei que o espaço universitário é violento. Mas é com encontros como estes que me fazem pensar e acreditar que ali seja um lugar possível, um espaço de potencial produção de resistência e liberdades. Obrigado, querida aluna. Seguimos nesta luta, por uma Psicologia e por uma Educação que seja de fato Antirracista.

Assista no Canal do Youtube da Professora Vilma 

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